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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Síndrome da mão alheia ou mão alienígena - ocorrências em pacientes de PSP


A próxima postagem do blog deveria ser sobre os estágios da paralisia supranuclear progressiva e as principais características e sintomas de cada estágio. No entanto, durante as minhas pesquisas na internet, fui descobrindo várias síndromes que podem aparecer em alguns estágios da PSP. À fim de entender um pouco melhor cada uma delas, resolvi procurar mais informações a respeito e descobri que seria impossível falar de tudo em uma postagem apenas. Por isso, resolvi adiar um pouco a publicação do texto sobre os estágios da PSP e decidi dedicar algumas postagens sobre essas síndromes que podem acometer aqueles que têm PSP. 


A primeira síndrome de que irei tratar é a chamada síndrome da mão alheia (ou mão alienígena). De forma resumida, essa síndrome é uma disfunção neurológica  na qual os membros do paciente parecem adquirir vida própria. O membro (a mão, por exemplo) fica sem controle consciente - característica de degeneração corticobasal - e passa a realizar tarefas complexas e involuntárias, como abrir botões da camisa ou retirar as roupas do corpo. Na maioria das vezes a pessoa não percebe que o membro está executando movimentos.

Para entender melhor, vou descaradamente reproduzir aqui (praticamente na íntegra) o que foi postado no site How Stuff Works:

O que é exatamente a síndrome da mão alienígena?
É um distúrbio neurológico raro em que uma mão funciona involuntariamente, sendo que a vítima não percebe sua ação. Sintomas menos horripilantes incluem agarrar e apertar, tocar o rosto ou rasgar a roupa involuntariamente. Casos mais extremos envolvem encher a boca com comida, impedir que a mão normal faça tarefas simples e cutucar e estrangular a si mesmo. Embora seja vista mais como uma questão de transtorno do que uma ameaça médica, as pessoas que sofrem dessa síndrome geralmente têm problemas psicológicos e perturbações, além de, ocasionalmente, sofrerem lesões como resultado das ações do membro renegado [fonte: Turkington (em inglês)].
A SMA (síndrome da mão alienígena) difere-se de outras condições de movimentos involuntários em que as ações do membro afetado têm um propósito e são orientadas. A mão afetada pegará um objeto e tentará usá-lo, ou realizará uma simples tarefa, como abotoar e desabotoar uma camisa. Os pacientes conservam todas as sensações na mão alienígena, mas geralmente mostram movimentos involuntários. Esses pacientes também podem apresentar comportamentos estranhos, como falar com a mão, alegar possessão demoníaca ou referir-se dela na terceira pessoa [fonte: Goldberg (em inglês)].
         (...)

Para compreendermos algo sobre a síndrome da mão alienígena, aprenderemos primeiramente sobre o cérebro e como ele funciona. O cérebro humano é dividido em dois hemisférios, cada um com quatro lobos diferentes, todos funcionando juntos para criar, controlar e regular a fala, os movimentos, as emoções e um bilhão de outras subfunções. O lobo frontal é a seção responsável pelas habilidades motoras, como o movimento e a fala, e pelas funções cognitivas, como planejamento e organização.
Vamos nos concentrar no planejamento e na organização. Suponhamos que você queira dar um golinho no seu café da manhã. O que parece uma tarefa simples é, na verdade, uma seqüência complexa de funções do cérebro, do momento em que você pensa "Humm, café", até ele encostar nos seus lábios.
Ao decidir dar um gole no café, o lobo frontal emite um sinal, planejando e organizando tudo que deve acontecer para que essa ação se complete. Você precisa alcançar a xícara, segurar a asa, levá-la à boca, beber e engolir e, então, colocar a xícara de volta e soltar a asa.
Esses sinais são enviados à região motora, área que vai do topo da cabeça à orelha e é responsável pelo controle de todos os movimentos do seu corpo.
O lobo frontal informa à região motora: "ei, preciso de um pouco de café, faça seu trabalho", e antes que você perceba, estará apreciando seu belo café da manhã. A chave para que isso aconteça é o envio correto das mensagens, graças ao corpo caloso [fonte: Mayo Clinic].

Pense no corpo caloso como o servidor de e-mails do cérebro, um grupo de nervos de envio de mensagens que se conecta e compartilha informações com os dois hemisférios. A síndrome da mão alienígena é o resultado da lesão desses nervos. Essa lesão ocorre com mais freqüência em pacientes com aneurismas cerebrais, derrame cerebral e naqueles com infecções no cérebro, mas também pode se manifestar como um efeito colateral de cirurgias, mais comumente após um procedimento radical que trate de casos extremos de epilepsia. Quando o caloso sofre uma lesão, ele deixa diferentes seções do cérebro desconectadas e incapazes de se comunicarem - seu e-mail está permanentemente inativo. Com a SMA, uma mão funciona normalmente, realizando tarefas intencionais sem se comunicar com a outra mão, o que resulta em um membro que pode agir sozinho, às vezes, opondo-se ao lado que funciona [fonte:Turkington (em inglês)].
Bom, resumindo a ótima explicação acima, essa síndrome está relacionada com uma falha na comunicação, por assim dizer, no cérebro. Como já sabemos, a PSP tem tudo a ver com falhas desse tipo, então, não é difícil entender porque geralmente pacientes de PSP apresentam traços da síndrome da mão alienígena em algum estágio, mesmo que de formas mais brandas. Quem convive com portadores de PSP já deve ter presenciado alguma cena parecida com estas: movimentos repetitivos, como ficar coçando incessantemente um mesmo local; agarrar o braço de alguém e não soltar;  ficar com um dos braços erguidos por um longo tempo, etc. Apesar de serem sinais bem mais brandos do que os citados anteriormente como características da síndrome, estes sinais são mencionados em vários sites como manifestações da síndrome da mão alheia nos portadores da paralisia supranuclear progressiva. 

E o que pode ser feito a respeito? Bom, como vocês já devem desconfiar, assim como a PSP, essa síndrome não tem cura. Porém, há alguns tratamentos práticos.  

A pessoa aflita geralmente mantém a mão "ocupada" dando-lhe um objeto para segurar, embora alguns pacientes tenham ido mais longe e chegaram a usar luvas de forno ou a amarrar a mão perigosa atrás das costas. 
Então, o que se pode fazer é observar como o paciente de PSP está manifestando a síndrome, e caso algum perigo seja observado, as medidas acima devem ser tomadas. Lembrando que o melhor é sempre conversar com um neurologista antes, pois o blog serve apenas para informar, e não para prescrever tratamentos. 

E só pra quebrar a tensão, por mais tentadora que a ideia pareça, não vão sair por aí distribuindo tapas naquelas pessoas chatas que nunca ajudam mas sempre tem algum "pitaco" para dar ou algo a criticar e dizer depois que tiveram um surto da síndrome da mão alheia, ok? 

Para aqueles que se interessarem, segue abaixo um link para uma reportagem muito interessante em português sobre o assunto:

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